Depois de quase dois meses em casa a vida voltou a funcionar. Férias é assim, né, planejamos inúmeras coisas, saidas, bares, baladas, e no fim nem um terço disso se torna realidade, pelo menos comigo. Pra mim, férias é aquele período que eu me desligo de tudo, do cotidiano, da manhã, da hora certa pra dormir e acordar e dos trabalhos.
Por alguns dias, isso funciona muito bem. Eu acordo tarde, como na hora em que quero e a madrugada é quando as coisas realmente acontecem. Mas, depois de um tempo, tudo isso se torna tão comum, tão rotina, que as férias perdem aquele aspecto de férias e acordar tarde e não fazer nada se tornam praticamente uma obrigação. Sendo assim, por que é tão difícil me desfazer disso? Eu geralmente só apareço na faculdade uma semana depois que as aulas começaram, na maioria das vezes alegando que tenho que acostumar meu corpo com a rotina de acordar cedo e trabalhar tarde, mas quando, na verdade, não faço nada disso. Ano passado eu tive a desculpa da conjuntivite européia e esse ano a gripe suína, mas eu nem estava tão gripada assim.
Uma vez que volto com tudo, indo de moto pra faculdade, pegando o ônibus e jurando que nesse semestre vai ser tudo diferente e eu realmente vou me esforçar, não paro de pensar em quando vai ser o próximo feriado e quantos meses faltam para as férias novamente. E isso é completamente errado, porque vai chegar um dia em que os meses de julho, dezembro e janeiro serão exatamente iguais aos outros meses. Não existirá mais aquela coisa gostosa de saber que as férias estão chegando, quando as suas se resumem há duas semanas por ano. Isso só torna as pessoas mal acostumadas.
E por mais que a vida adulta esteja praticamente batendo na porta e entrando sem permissão, eu ainda me seguro no fio que resta de saber que em dezembro e janeiro eu estou de férias. É tão triste isso, que eu não sei como as pessoas deixaram acontecer. Como se livraram tão normalmente de um sentimento tão bom e peculiar que é o saber que está de férias no próximo mês? É igual ao dia das crianças, feriado esse que ainda não superei. É tão cruel você atingir uma certa idade e saber que não pode mais ganhar presente no dia 12 de outubro porque você não é mais criança, mesmo que as outras pessoas ainda a tratem como tal.
Quando você cresce, eu acho, férias se torna uma palavra que te remete a infância e te faz lembrar dos verões na praia, dos desenhos matinais e de poder brincar no quintal horas a fio sem ter que se preocupar com mais nada além de quem será o vencedor no esconde-esconde. É uma palavra infantil mesmo.